As idéias do filósofo Thomas Kuhn nos mostrariam que a história da ciência apresentaria momentos de estabilidade teórica e momentos de revolução científica. Nessa primeira concepção, a pesquisa científica teria por base um determinado eixo, e os problemas e as soluções que emergissem estariam nele inseridos. Nesse contexto de normalidade, as teorias não seriam contraditórias em sua essência, mas reforçadas por hipóteses auxiliares, deixando as regras básicas do paradigma inalteradas, sem mudanças fundamentais que permitiria a prática de uma pesquisa detalhada, eficiente e cooperativa. Na outra concepção, a revolução científica constataria mudanças conceituais, de visão de mundo e a insatisfação com os modelos vigentes, a crise de paradigmas trazia uma nova concepção cientifica capaz de resolver os problemas e questionamentos, incorporando parcial ou totalmente conhecimentos da teoria. Desse modo, da Grécia Antiga aos dias atuais assistimos a momentos de normalidade e ruptura e deles participamos, esta dicotomia presente na oscilação da ciência nos levou a um conhecimento, aperfeiçoando ferramentas, processando produtos e criando tecnologias. O resultado dessas transformações repercutiu em todas as vertentes da vida social, entre as quais podemos destacar as seguintes: quantidade de trabalhadores envolvidos num processo de produção, número de horas trabalhadas para gerar determinados produtos, uso de matérias-primas como recurso estratégico, entre outros. A esses itens se contrapunham algumas incertezas que levariam às seguintes indagações: Como usar o conhecimento para gerar novos saberes que permitiriam ao homem acompanhar o grau de complexidade que envolveria a produção de bens materiais, ou mesmo de serviços na sociedade pós-industrial? Como contornar os desníveis socioeconômicos e culturais advindos da acessibilidade ou não e da disponibilidade ou não de informações diagnosticadas entre os países centrais? Responder a esses questionamentos implicaria discutir os matizes da chamada sociedade do conhecimento ou sociedade da informação, interminável lista de teorias cientificas permeada por descontinuidades, apontando diferentes maneiras de conhecer e construir os objetos científicos, de elaborar métodos e inventar tecnologias. Kuhn exprimiu como revoluções científicas e Bachelard, rupturas epistemológicas, não importavam a expressão, mas o reconhecimento de mudanças, sempre que o instituído não der conta de esclarecer os questionamentos colocados pelo ser humano. Marcondes (1994) considerou que esses períodos foram benéficos a humanidade dando-lhe chances de extrapolar seus limites, e que a extensão dessas transições seriam compreendidas e consolidadas posteriormente, pois, enquanto inseridos naquela fase, não conseguiríamos ter plena consciência de seus efeitos. Contudo, esse não é o cenário exibido ao chegarmos ao século XX, pois, mesmo envolvidos em fortes alterações no campo da ciência, o que ainda não nos permitia um afastamento histórico dos fatos, era possível termos plena consciência das modificações que estavam ocorrendo na organização da sociedade e seus efeitos, estabelecendo um diferencial em relação ao passado, que só percebia o sentido das mudanças quando a normalidade se instaurava.
Num cenário pós- modernidade, a sociedade trouxera em seu bojo elementos como maquinas e ferramentas, trabalhadores especializados, produção em serie, tudo voltado para produção de bens materiais. A sociedade pós – industrial consolidou-se na experiência organizacional, no investimento em tecnologia de ponta, na geração de serviços e produção e transmissão da informação. Essas transformações ocorreram a partir da década de 50, que assistiu a mais uma significativa ruptura no campo da ciência, seria o início da chamada era pós-industrial, quando predominaram os esforços (científicos, tecnológicos e políticos) no sentido de informatizar a sociedade. A cotidianização da tecnologia informática nos impunha sérias reflexões (sobre questões éticas, deontológicas, jurídico – políticas, de soberania, culturais e político-sociais). Por outro lado, seu impacto sobre a ciência vinha se revelando considerável pois,deixava de ser vista como atividade ‘nobre’, ‘desinteressada’, sem finalidade preestabelecida para se fortalecer como um recurso gerador de riqueza, pois, descobriu-se que a fonte de todas as fontes chamava-se informação e que a ciência – assim como qualquer modalidade de conhecimento – nada mais seria do que certo modo de organizar, estocar e distribuir certas informações. Tal fato confirmaria todas as expectativas de que os avanços da telemática trariam profundas alterações para a pesquisa e para a transmissão de conhecimentos, tornando-os a principal força de produção da sociedade, No advento do pós- industrialismo, ocorreu o reconhecimento e valorização do conhecimento e da informação na estrutura de poder, na desindustrialização do emprego e no modo de crescimento das nações ,o que representou um acentuado deslocamento do “fazer’ para o ’saber ’originando aumento de produtividade do trabalho causado pela apropriação planejada e sistemática do conhecimento, aperfeiçoando ferramentas, processando produtos e criando tecnologias.O resultado dessas transformações repercutiu em todas as vertentes da vida social, dentre as quais poderíamos destacar as seguintes: quantidade de trabalhadores envolvidos num processo de produção, número de horas trabalhadas para gerar determinados produtos, uso de matérias-primas como recurso estratégico, entre outros. Algumas incertezas nos levaram às seguintes indagações: Como usar o conhecimento para gerar novos saberes que permitiriam ao homem acompanhar o grau de complexidade que envolveria a produção de bens materiais,ou mesmo de um serviço na sociedade pós-industrial? Como contornar os desníveis socioeconômicos e culturais advindos da acessibilidade ou não e da disponibilidade ou não de informações diagnosticadas entre os países centrais e periféricos? Esses questionamentos implicaria discutir os matizes da chamada sociedade do conhecimento ou sociedade da informação a discussão se dividiu em duas etapas sobre o que vem a ser a sociedade da informação, na primeira, destacou-se no século XVIII e por isso fora do espaço ( temporal da sociedade da informação) a organização e publicação da obra Enciclopèdie, de Diderot e D’Alembert, provavelmente foi a mais relevante iniciativa para sistematizar a produção do saber da época e foi considerada por Drucker apud Malin (1994) e Marcondes (1994) como um marco na tentativa de libertar o homem dos limites impostos pela ignorância e pelo não acesso ao saber. Esse empreendimento representava mesmo pertencente ao contexto do ’’Iluminismo’’, a conversão da experiência em conhecimento, aprendizado em livro texto, e segredo em metodologia” na sociedade atual se assemelharia à produção, geração e comercialização dos bancos e bases de dados. A segunda discussão contemplaria a problemática da segmentação da economia, que, nos estudos realizados por Clark, em 1940 apresentado em três setores: primário (envolvendo as atividades de extração); secundário (ligado às questões da manufatura); terciário (voltado para a produção e geração de serviços). Entretanto, a expansão econômica foi paulatinamente transferindo as atividades produtivas de um setor para outro, tornando o setor terciário “… inchado e com a aparência de uma caixa de ‘outros’, difícil de expressar. Esse inchaço, entretanto, destacou uma questão central da sociedade pós-industrial: o objeto de trabalho do homem passou ser a interação com outros homens e a natureza das ocupações e não mais somente com as máquinas ou com a natureza. Tais fatos nos permitiram chegar ao conceito de sociedade do conhecimento ou sociedade da informação, formulado em 1962, por Fritz Machlup, ao desenvolver estudos sobre a livre concorrência nos Estados Unidos, percebeu a emergência de um novo campo: o da produção do conhecimento, o saber ocuparia o papel central, acompanhado de uma nova classe de trabalhadores as do conhecimento. No entanto, a aceitação dessa perspectiva encontraria resistência, pois a categoria “conhecimento” envolveria uma dose excessiva de subjetividade, que só passaria a ser desmistificada a partir dos estudos realizados por Porat 1976, em sua tese, retiraria dos setores primário, secundário e terciário da economia, todas as atividades de informação, propondo assim o setor quaternário, que englobaria em sua estrutura a produção, o processamento e a distribuição de mercadorias e serviços de informação, sejam eles mercantis ou não-mercantis. Assim, a informação passaria a ser considerada como recurso estratégico, de agregação de valores e como elemento de competição política e econômica entre os países. Buscando contrapor-se a essa temática, Targino (1995), discutiu a relação entre os processos sociais e as inovações tecnológicas, que impregnaram o setor quaternário da economia, afirmando que a tendência seria uma abordagem ingênua e pouco crítica que predominaria o tom de deslumbramento em relação às novas tecnologias, como se fossem por si só capazes de revolucionar a sociedade e produzir um inimaginável mundo novo, num discurso totalizante e determinista sem consistência. Para essas afirmativas, entendeu-se que as inovações tecnológicas seriam decisivas no processo de transformação sociocultural, mas necessário que a sociedade permitisse que tudo isso ocorresse, servindo de suporte para tais inovações. Enfim, o espaço quaternário, determinado pelas novas tecnologias, não seria algo que se superporia a condição humana, à cultura, à sociedade, à vida. Um outro ponto importante sobre a sociedade da informação estaria representado na dicotomia que traz seu objeto: a informação pode tanto ser fator de dominação quanto de emancipação. Os países centrais que, ao longo da história da humanidade, sempre lutaram pelo domínio de espaços territoriais, pelo acesso e exploração de matérias-primas e da força operária barata, agora competem também pelo domínio do conhecimento científico e tecnológico, representado aqui pela acumulação, processamento, armazenamento, acesso e disponibilização de informações por meio de redes de telecomunicações, quando o índice de uso da telemática passou a ser fator diferencial entre países desenvolvidos (centrais) e países em desenvolvimento (periféricos), incluindo o tipo de informação veiculada por essas redes. A revolução informacional seria incompleta, pois pouco alterou as relações de poder no âmbito da sociedade (formas de organização social e relações de propriedade). Apesar das transformações que provocaram nos meios de produção, continuando assim a beneficiar os grupos privilegiados da sociedade, que controlariam os processos produtivos e que se apropriariam das inovações científico-tecnológicas para acumular maior poder na medida em que concentram os benefícios econômicos resultantes desse desenvolvimento. Buscamos discutir que papel as instituições cumprem, ou deveriam estar cumprindo da produção à socialização do conhecimento. A discussão passaria necessariamente, pelas bibliotecas, independentemente de denominações como sistemas de informação, recuperação ou unidades de informação, apesar da conscientização de que outras instituições, tais como arquivos, museus, universidades, escolas, entre outros, seriam também responsáveis pela transmissão e pelo provimento dos saberes produzidos no percurso da história da humanidade. O aumento do volume e do fluxo de informações, conjugado com a inabilidade de transformação desse conhecimento em um produto direcionado, tem trazido às unidades de informação sérios desafios, insatisfação e frustração dos usuários que não conseguem ter e, nos dias atuais, ver suas necessidades de informação, potenciais e/ou reais, atendidas. Seria inútil oferecer-lhes um produto e/ou serviço que, pelo design ou dimensão, não possa ser assimilado em sua plenitude. Precisariam deixar de transferir, de forma ampliada, acelerada ou até desordenada, para os recursos computacionais, os processos que tradicionalmente eram, ou ainda são, executados de forma manual. A máxima “entra lixo, sai lixo” é o que mais representa a aplicabilidade das novas tecnologias nas bibliotecas. Na busca de uma nova dimensão adequada ao perfil da sociedade da informação, a biblioteca e o bibliotecário deveriam conceber a informação como o conhecimento que foi organizado e tornado visível. Neste novo tipo de biblioteca, as linhas divisórias entre o bibliotecário, o pesquisador e o editor seriam flexíveis para capturar imediatamente a informação requisitada pelo usuário à exploração do conhecimento passa a ter primazia sobre o acesso; ’o acesso passa a ter primazia sobre a propriedade”
Portanto, com base na premissa inicial de que a história da ciência se modificou configurando momentos de normalidade e de revolução científica, sendo esses representados pela busca de respostas às indagações acerca da sociedade, é possível inferir que o homem sempre procurou desenvolver sua capacidade física e cognitiva, por meio de tecnologias que, de uma forma ou de outra, medeiam seu relacionamento com a natureza. Segundo Tarapanoff 1996, talvez o ano 2000 a 2100, seja o advento de uma sociedade justa, mais equilibrada, uma nova acepção, mais humano, com maior qualidade de vida, além do desenvolvimento sustentado, entendido como a busca simultânea da eficiência econômica, justiça social e harmonia ecológica.”
Os fenômenos relacionados à Sociedade da Informação e do conhecimento não atingiram estabilidade em meio a um mundo de transformações. Nenhuma conclusão pode ser considerada definitiva a análise de uma era histórica exige distanciamento que só o passar do tempo traz, o registro da reflexão e discussão dos problemas e soluções na medida em que apareceram foram relevantes ao documentar todo o processo: de construção de uma nova sociedade da informação nos seus mais diversos aspectos, sejam eles sociais, culturais, econômicos, do direito, da produção, filosóficos ou ideológicos.